sábado, 10 de novembro de 2007

Urgências vão ter testes rápidos de detecção da Sida


Já realizados em 23 mil pessoas
Urgências vão ter testes rápidos de detecção da Sida
Desde o início da sua utilização, em 2005, foram realizados em Portugal mais de 23.000 testes rápidos de detecção da infecção VIH/Sida, um instrumento «extremamente fiável» a ser distribuído em maternidades e urgências para «não desperdiçar oportunidades»



Segundo divulgou hoje o coordenador nacional para a infecção por VIH/Sida, Henrique Barros, os novos testes têm sido utilizados em Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce (CAD), onde foram já realizados 17 mil exames do género, e Gabinetes de Apoio à Toxicodependência (GAT), onde foram testadas mais de 6.000 pessoas.
«Trata-se de um teste extremamente fiável como as recolhas de sangue e semelhante aos testes de gravidez por os resultados serem também muito rápidos. A questão da rapidez tem a ver com a orientação e com ganhar mais pessoas no sistema de cuidados e evitar o mais possível que desistam de fazer os teste e de receber os resultados», explicou o responsável, durante a XI Reunião sobre infecção por VIH/Sida, que decorreu hoje no Centro de Congressos do Estoril.
«Se não houver uma boa relação com o médico ou determinação dos factores de risco, pode-se viver muitos anos sem saber que se é positivo, o que faz com que a pessoa não tire vantagem das terapêuticas e que outra pessoa possa ser infectada», alertou, estimando que um terço da população portuguesa infectada desconheça a sua situação.
Henrique Barros referiu que os testes rápidos - que custam cerca de três euros, menos quinze do que os tradicionais -, devem ser distribuídos em maternidades e urgências, onde a sua maior eficácia vai permitir «fazer a diferença».
«Permite não desperdiçar oportunidades. A urgência é um bom local: há médicos, enfermeiros, ajudantes, espaço e obrigação de encontrar condições. Já se fazem muitos testes de Sida nas urgências, esperamos agora que se façam um pouco mais», defendeu.
O especialista considera, no entanto, que a realização do exame nestes serviços não deve ser banalizado, mas antes destinar-se a pessoas com comportamentos ou circunstâncias de maior risco e partir sobretudo de decisão clínica.
Quanto às farmácias, Henrique Barros não acredita que os testes sejam realizados «tão cedo», mas admite que a sua disponibilização nestes locais vai acabar por acontecer.
De acordo com dados apresentados hoje no Centro de Congressos do Estoril, o custo dos testes rápidos de detecção de VIH/Sida tem vindo a diminuir ao longo dos anos (em 2004 poderia custar cerca de 7,50 euros) e deverá reduzir os gastos do Sistema Nacional de Saúde, embora devam ser tidas em conta as despesas necessárias à sua realização - manuais de formação, responsáveis técnicos, registos e programas de avaliação externa da qualidade.
Actualmente, estão a ser distribuídos cinco testes realizados com uma picada no dedo, semelhante à que é feita nos testes a diabéticos, mas está também prevista a obtenção de resultados através de saliva.
Segundo o coordenador nacional para a infecção por VIH/Sida, ainda este mês decorrerá uma acção de orientação de clínicos destinada a reforçar a ideia de «não deixar passar».
«Não se vão 'apanhar' mais infectados, mas é preciso garantir que chegam ao tratamento o mais rapidamente possível», concluiu.
Lusa/SOL

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