sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Programa nas prisões "teria evitado cerca de 650 novas infecções por VIH"

Segundo a responsável da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida, Carla Torre, a aplicação do programa de troca de seringas nas prisões poderia ter poupado ao Estado 177 milhões de euros em oito anos. O programa troca de seringas entre os consumidores de droga distribui gratuitamente uma média de 60/90 seringas por ano, por cada utilizador, o que os responsáveis da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida admitem ser manifestamente insuficiente. "O nosso desafio é aumentar a cobertura. Não é possível para um utilizador ter apenas 60 a 90 seringas por ano, já que o que pretendemos é que cada utilizador tenha uma seringa por cada injecção", afirmou Carla Torre, durante a apresentação pública do novo kit do programa de troca de seringas. "Abre-se agora um novo caminho, porque o nosso Governo decidiu implementar o programa agora. Será um ensaio piloto, mas que terá certamente muito sucesso", estimou a especialista. O programa, que será aplicado a partir do dia 24 deste mês a título experimental, no Estabelecimento Prisional de Lisboa e na prisão de Paços de Ferreira, visa evitar a contaminação e a propagação de doenças infecto-contagiosas, como a VIH e a hepatite C, no meio prisional. Novos utensílios a distribuirPortugal está atrás de países como a Finlândia (que fornece uma média de 110 seringas por utilizador/ano) e do Luxemburgo e Noruega, com médias de mais de 250 seringas por cada consumidor de drogas injectáveis. No entanto, Carla Torre sublinhou que as 60 a 90 seringas distribuídas por ano e utilizador em Portugal apenas contemplam os utensílios distribuídos de forma gratuita e não aqueles que são vendidos nas farmácias. Os novos kits do programa de troca de seringas vão passar a ter dois novos utensílios: recipientes e carteiras de ácido cítrico, que quando partilhados podem transmitir doenças como o VIH/sida ou a hepatite C. Segundo a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida, até agora os kits eram compostos por duas seringas, dois toalhetes, desinfectantes com álcool, um preservativo, uma ampola de água bidestilada, um filtro e um folheto informativo. Os novos componentes são introduzidos seguindo recomendações da Organização Mundial de Saúde e de um estudo piloto realizado em 2004 em Lisboa, Porto e Algarve, que considerou "indispensável" o seu fornecimento, uma vez que, quando partilhados, são utensílios que podem transmitir doenças infecciosas.

2 comentários:

AEnima disse...

Uma duvida que agora me assolou: Sabendo-se das praticas homossexuais correntes nas prisoes, distribuem-se preservativos? O contagio e' mesmo so por seringas?

Rm disse...

Sim, no KIT que é entregue nas prisões também adicionam um persevativo, mas estes KITs são em número reduzido durante o ano!
Ora assim, basta uma vez partilhar uma seringa ou nao ter um persevativo para haver contagio, e o dinheiro gasto nestes KITs é todo deitado fora, não achas?